Emília, a bolha e o sistemão
- Tônia Lobão
- 10 de out. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 30 de jan.

Quem levantou essa bola foi o jornalista Rian Santos, na sintética e irônica afirmação sobre a candidata Emília Corrêa: “pretende furar a bolha de um tal ‘sistemão’ abancada a uma escrivaninha, cá no fim do mundo”.
Fato é que, doa a quem doer, a conversa abstrata sobre “furar a bolha” do tal “sistemão” foi acolhida pelo imaginário do povo. Emília está a um passo de agarrar as chaves da prefeitura de Aracaju.
A palavra no aumentativo sugere mesmo algo grandioso demais, diante do qual um mero ou mera gestora local estariam de pés e mãos atados. Ocorre que sistemões se configuram em diversas esferas, inclusive, no âmbito municipal.
Se no planeta assistimos ao grande “sistemão” capitalista ocidental ranger os dentes diante de qualquer alternativa que a ele se apresente, é fácil identificar sistemões menores: regionais, nacionais e também locais.
O primeiro “sistemão” atacado por Emília é o imenso arranjo de forças capitaneado pelo governador Fábio Mitidieri, incluindo o prefeito Edvaldo Nogueira. Ou seja, um “sistemão” estadual e municipal.
Nesse sentido, a candidata prefere não mencionar que ela mesma acabou por herdar a liderança de outro “sistemão” anterior, que por décadas deu as cartas em Sergipe. Trata-se do “sistemão” liderado por João Alves Filho.
O eleitorado aracajuano, desde a redemocratização na década de 1980, não engole sistemas que se tornam muito fortes e abarcam o estado e a capital. Nessa correlação tem prevalecido nas urnas uma lógica da alternância.
No plano nacional, ao abraçar o ex-presidente Bolsonaro, querendo ou não, Emília torna-se combatente contra o “sistemão” representado pela figura do presidente Lula. De novo, a candidata ataca um “sistemão”, embora faça parte de outro.
Curioso é que nesse particular, muitas das propostas apresentadas pela pleiteante do PL, voltadas para a garantia de direitos sociais, no papel, têm muito mais afinidade com o “sistemão” de Lula do que com o “sistemão” de Bolsonaro.
Bom, isso também não é nenhuma novidade. Todo mundo tá cansado de saber que o contorcionismo entre as campanhas eleitorais e as futuras gestões sempre foi um espetáculo à parte, salvo honrosas exceções!
No mais, de “bolha” em “bolha”, de “sistemão” em “sistemão”, até agora, a candidatura do PL foi a que mais encheu a urna de votos.
Foto: Rede Social / Reprodução.
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