Escrever faz bem
- Marcone Borges
- 28 de nov.
- 3 min de leitura

Começo ressaltando uma frase de Saramago: “todos somos escritores, uns escrevem, outros não”.
Uma amiga me disse algumas vezes que escrever é terapêutico. Na pandemia eu comecei a escrever com mais frequência e intensidade. Isso me ajudou a sair um pouco da atmosfera de aflições decorrentes das enormes dificuldades daquele período de mais ou menos dois anos.
Uma pessoa que vem se destacando por denunciar nas redes sociais a exploração infantil que ocorre no meio digital disse que passou por fases de muita tristeza na vida, nas quais se via sem energia e motivação. Ela descobriu na ajuda a pessoas em situação de vulnerabilidade, um sentido importante para sua caminhada diária.
A alegria e a gratidão que essas pessoas demonstravam em razão de seus gestos de atenção e solidariedade o deixavam feliz.
Esse forte depoimento de denúncia, e, depois, de sublimação, tocou de forma especial tantas pessoas pela sua notável capacidade de expressão.
Escrever é um exercício de envolver pessoas por ideias e sentimentos. Claro, com a fala se consegue êxito no propósito de sensibilizar e mobilizar para a execução de ações positivas. Mas a fala é muito dinâmica e de uma certa forma ela se dilui ou não se organiza e se estrutura como efetivamente costuma ocorrer com a escrita. Escrever é deixar um registro, é um alargamento, fortalecimento da memória.
Gosto de ler pequenos textos nas redes sociais que relembram fatos afetivos ou celebram acontecimentos importantes como uma formatura ou o aniversário de alguém especial.
Geralmente, quem escreve nesse contexto, muitas vezes revela, criativamente, com sensibilidade e leveza, sentimentos muito positivos, de quem tem especial apreço pela vida e pelo próximo, que pode ser um parente, um amigo ou alguém que desperta, digamos, uma admiração mais de longe.
Eu li certa vez que escrever é uma forma de elaborar um melhor entendimento das nossas questões. Aprendemos quando interpretamos, e escrever é interpretar.
No meu caso, sinto que tenho certa dívida de não expressar com a devida força e clareza, no sentido de manifestar afeto e carinho mesmo, os meus melhores sentimentos em relação às pessoas queridas ou a quem de alguma maneira tocou meu coração em determinado contexto.
Escrever pra mim é também um desafio, uma tentativa de construir algo bonito e edificante.
Gostei muito quando uma colega escreveu que meus textos estavam despertando nela sentimentos bons meio adormecidos, ou de saber que minha singela escrita fez alguém se emocionar.
Escrevo para tentar articular ideias e especialmente para manifestar admiração por alguém ou meu espanto e/ou encantamento diante da grandiosidade da vida, a qual se revela, frequentemente, em coisas simples, corriqueiras, que tendem a passar despercebidas.
Escrever pode ser um olhar mais aguçado, por uma lente de gratidão, respeito e percepções imprescindíveis, fortalecidas pelo exercício da observação mais atenta e conectada com propósitos e ações construtivas e com um despertar para novas formas de sentir, pensar e fazer.
Escrever faz bem unindo pessoas, fortalecendo afetos, dando vazão a sentimentos que nos contagiam e nos encantam.
Escrever é parte de um esforço, de importância inestimável, para melhor enxergar nossas realidades.
Ilustração: Articulistas em rede.
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