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Como recebemos os abraços?

Atualizado: 20 de set.

Marcone Borges, Como recebemos os abraço?

Escrevi certa vez que o abraço é a afeição que transborda. Uma escritora que admiro gostou da frase. Estive no lançamento de um livro dela. Não a conhecia pessoalmente, só tínhamos interagido por meio de um grupo de whatsapp, onde eu tinha publicado um pequeno texto mostrando simpatia pelo seu livro.


Entrei na fila de autógrafos e ela, educadamente, olhou-me e disse: "como vai?". Para quebrar um pouco da formalidade, falei o meu nome. A reação dela foi extremamente simpática, dizendo: "venha aqui para eu lhe dar um abraço".


Conversamos amistosamente, escutei palavras muito gentis, conversei um pouco com alguns familiares dela e me senti muito leve. Foi um evento maravilhoso o lançamento do livro e eu tive uma tarde fantástica. E tudo começou com um caloroso abraço. De uma pessoa simples e bastante acolhedora.


Quando eu era criança, o abraço da minha mãe dissipava meus medos e inseguranças. Em certas noites frias lembro do seu abraço acolhedor, e ela dizendo que eu parecia um picolé, 'gelado' de frio, e que iria me esquentar.


Em um dia em que meu pai sentiu saudades dela, que tinha viajado pra longe, ele me deu um abraço emocionado, como se estivesse dizendo o quanto ela e eu éramos importantes para ele. Em outra ocasião, na estrada, dentro de um ônibus, ele fechou meus olhos para que eu, criança na época, não visse um acidente horrível. Para mim, a atitude dele foi como um abraço protetor.


Não esqueço de um abraço compartilhado por dois dos meus amigos especiais no aniversário de um deles. Lembro do bobó de camarão e do caldinho de sururu. A comemoração foi discreta, mas esse abraço, que vai completar 28 anos, foi especialmente impactante pra mim.


Recentemente, em um momento festivo, minha irmã resolveu mostrar algo especial que ela havia escrito pra mim. Logo em seguida, reli uma mensagem de minha autoria escrita para ela. Um dos presentes disse que depois dessas declarações cairia muito bem um abraço, que aconteceu carinhosamente.


Quando meu cunhado perdeu seu pai, assim que o vi, parti para um abraço. Eu senti naquele momento que ele esperava aquele gesto da minha parte, e que ele o recebeu como um carinho muito bem-vindo. O abraço diz o que muitas vezes as palavras não conseguem dizer.


"Dentro de um abraço tudo o mais já está dito" (Jota Quest).


Um amigo jornalista, na sua generosidade ímpar, comentando pequenos textos que escrevi, disse que eles revelam contrastes e mansidão, e que cada um deles era como se fosse um abraço.


Grande abraço para quem teve a generosidade de ler até o fim essas mal traçadas linhas.


Ilustração: Reprodução de uma das ilustrações de Polly Dunbar para o livro The Hug, de Eoin MacLaughlin.

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11 comentários


Rosilde
29 de set.

A leitura do texto traz uma explosão de sentimentos num simples gesto de um abraço, onde dois corações batem tão próximos, denunciando aconchego, segurança... Então receba meu abraço sincero.

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Sidiney M. Gerônimo
23 de set.

A prosa simples do Marcone traduz uma cosmovisão de quem sabe olhar para o mundo e colher dele o que há de melhor: a memória dos afetos e dos sentimentos que as experiências cotidianas desencadeiam. Como neste sensível recorte dos abraços...

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Flavio Campos Silva
19 de set.

Ótimo texto, tão confortante e acolhedor como um abraço com muito afeto e carinho!

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Soayanjazz
18 de set.

Lindo e emocionante texto. Lembrou-me uma antiga cantiga com a qual encerramos o Xirê (Festa Votiva dos Orixás) no Candomblé: " Um abraço dado de bom coração, é mais que uma benção, uma benção uma benção" e celebramos o final dos trabalhos com esse caloroso gesto de afeto. Um grande abraço!

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Huberlon
18 de set.

Deixo aqui o meu demorado abraço 🫂 no silêncio que diz muito

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