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Sergipe, de fato, é o país do forró

Sergipe é o país do forró (Rogério)

Quando o falecido cantor estanciano Rogério (Pedro Rogério Cardoso Barbosa) resolveu compor a música que virou o hino “Sergipe é o país do forró” teve muito mais de desejo com uma certa dose de vaticínio, do que demonstrava a realidade da época. O sentimento do forró e das festas juninas estava impregnado na alma sergipana, mas não necessariamente com o caráter de grandiosidade que tem nos dias de hoje.


Rogerinho (como é carinhosamente lembrado) percebeu que em Sergipe o forró se fazia presente não apenas em uma localidade, em uma cidade, mas se estendia por todo o estado. À época da composição as festas juninas estavam espalhadas por todo o Sergipe, com uma ênfase maior em Capela, Areia Branca e Estância. Mas eram manifestações simplórias, à base de fogos, fogueiras e quadrilhas improvisadas. Em Aracaju sequer havia o Forró Caju que foi criado no ano de 1993. Aliás a música de Rogerinho ao se referir a Aracaju, se reportou apenas ao tradicional logradouro que ainda é a rua de São João: “Quando chega mês de junho/Na Rua de São de João/O Forró vai começar/ Laiá, laiá”.


Vou ao Google em busca das origens da música e me deparo com uma entrevista de Rogério na Infonet: “Pensei em tantas cidades, como na Paraíba, que só tem forró mesmo em Campina Grande; Pernambuco, que só tem Caruaru; e nós, aqui em Sergipe, temos umas 12 a 15, ou 20 cidades fazendo forró ao mesmo tempo no São João. Então, eu que sempre gostei do meu Estado, lembrei de Ivan Lins dizendo assim: ‘O amor é meu país. O meu amor é o meu país’. Então eu comecei a brigar pelo forró e dizendo a todo mundo que SERGIPE É O PAÍS DO FORRÓ, que era o meu sonho de que um dia acontecesse isso” (Entrevista a Waneska Cipriano em 23/06/2002).


A música tem somente duas estrofes que se repetem várias vezes e logo cai na memória de quem canta ou ouve. Interessante observar que o título da música é “Chamego Só” e não é “Sergipe é o país do forró” como é conhecida. Aliás o título da música aparece rapidinho no segundo verso da segunda estrofe: “É a noite inteira essa brincadeira, é chamego só” numa rima distante do primeiro verso “Sergipe é o país do forró”.


O fato é que o sonho de Rogerinho virou realidade, e quem haverá de duvidar que Sergipe, de fato, é o país do forró? A festa junina cresceu e em várias cidades do interior criou-se o gosto pelo São João, tipo festa de largo, muitas vezes infelizmente, descaracterizando-a com ritmos que não condizem com o forró, com o baião, com a música tipicamente nordestina. Mas arrasta multidões dando lugar também ao “piseiro” e ao “arrocha”. Acrescente-se a suntuosidade que ganharam as quadrilhas, com brilho de evolução, guardando as devidas proporções, comparáveis às escolas de samba. "Exagero” haverão de dizer. “Grandiosidade e beleza” eu insisto em afirmar.


A grandiosidade aliás que se faz tanto no “Forró Caju” (esse ano espalhado nos bairros) como no “Arraiá do Povo” (criado inicialmente como a “Vila do Forró) iniciando já em meados de maio e perpassando por todo o mês de junho, com seus mega espaços, com a imensa quantidade de shows e artistas locais e de todo o país podendo-se inclusive comparar a megaeventos como o Rock in Rio e o Lollapalooza. “Exagero,” dirão mais uma vez os desprovidos do sentimento bairrista da sergipanidade. Mas eu reafirmo: não no país do forró!


Quem vê a festa sergipana, nas suas diversas nuances, em Aracaju ou no interior e não enxerga a grandiosidade que tomou o nosso forró, consolidando o sonho do grande Rogerinho (“era o meu sonho de que um dia acontecesse isso”) não sabe discernir o “estado de espírito” em que a música criada por Luiz Gonzaga e as manifestações tradicionais do ciclo junino transformam esse que é o menor estado da federação, em um verdadeiro país: Sergipe é de fato e de direito o país do forró!


Ilustração: imagens extraídas na internet.

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