O osso quebrado da Via Láctea

Sempre que falamos sobre o universo reina a linguagem simbólica. Vejamos a Via Láctea, a região do espaço onde está o sistema solar. Foi batizada láctea por conta da semelhança com uma poça de leite, aos olhos humanos.

Diz a mitologia grega que Zeus levou o filho Héracles para se alimentar no seio de Hera, sua esposa. Ao saber que o bebê era filho de Zeus com uma mortal, Hera empurrou o menino e leite que jorrava do peito dela derramou no céu, formando a faixa esbranquiçada.

Em termos modernos, cientistas passaram a comparar estruturas internas da Via Láctea com ossos. Agora, reaproximada de mitos cultivados por populações nativas da América do Sul, o nosso berço sideral volta a parecer um animal, com seus próprios ossos.

Susto geral! As manchetes sensacionalistas na internet não param de gritar: agências espaciais afirmam que um dos ossos da Via Láctea parece ter sofrido uma fratura. Sim, isso mesmo. Sabe-se lá se alguém do lado de fora fará as vezes de um ortopedista.

Desdobrando a comparação, o que seríamos nós? Provavelmente uma coletividade de organismos alojada na superfície de algo como uma célula, próxima da fratura do osso. Curiosamente, percebemos semelhanças entre o dentro e o fora do nosso corpo.

Então a Via Láctea seria um organismo vivo, semelhante a um animal, sustentada por uma estrutura interna formada por ossos? Assim como nós para ela, dentro de nós haveria uma outra coletividade perceptiva de si mesma, em uma célula, na vizinhança de um dos nossos ossos.

E quanto ao incomensurável animal do qual somos microscópicos organismos internos? Ele também faz parte de uma comunidade que habita a superfície de uma minúscula célula, localizada perto de um dos ossos de outro ser imensamente maior.

A percepção do osso quebrado da Via Láctea aponta para uma infinidade de organismos vivos, infinitamente maiores e menores do que nós, todos participantes de uma única experiência de vida. Estaríamos nós agora, em algum ponto intermediário nesse todo pulsante.

Foto: Redes Sociais / Reprodução.

---

Obrigado por ter lido este artigo. Se gostou da leitura, por favor, dê um click no coraçãozinho que está do lado direito, um pouco mais abaixo. Valioso também é receber um comentário seu e isso pode ser feito descendo um pouco mais na rolagem da página e escrevendo no espaço Escreva um comentário. Temos fé no diálogo!